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AVELIN BUNIACÁ KAMBIWÁ
( Brasil – MINAS GERAIS )

Kambiwá   -   Pernambuco  -  Aldeia Baixa Da Alexandra

“Sou Avelin Kambiwá, mãe, professora, socióloga. Moro em Belo Horizonte, sou da etnia Kambiwá. Nosso povo é resultado de vários povos que resistiram na serra e nos brejos do sertão pernambucano, sobrevivente desses aldeamentos e das chacinas de escravidão.

NÓS DA POESIA. – volume 8 – Brenda Marques Pena, org.  São Paulo, SP: All Print          Editora, 2022.  119 p.  ISBN  978-65-5822-152-4                                                  , Ex. bibl. Antonio Miranda

        Uma rainha com duas coroas

Venho forte carregando meu cocar
e meu black poderosos de ancestralidade.
Carregando do sertão coragem,
das plantações de café e resistência.

Sou Gavião e onça.
Sou ousadia e resiliência.

Sou cabocla em terra alheia.
Sou filha da Serra Negra.



E quem vai explicar o Sagrado?

Viemos ao mundo sem saber absolutamente nada.
Sem nenhuma possibilidade de sobreviver sozinhos.
Viemos nus e com fome.

Adoecemos nós, uns aos outros e ao mundo
na tentativa desesperada de ter ferramentas e matar a fome.
Que fome é essa?
Que fome é essa?
Que medo é esse?

Fome de amor, toda alma é faminta.
Medo de morrer, toda alma é eterna.

Mas ela busca e não acha
e chora e sofre e faz sofrer.
Até que olha pra dentro, se ama e se devora.

Mata a fome, se abriga, se farta, se ama.
Agora ela vai entender
e ver beleza nos caminhos entre nascer e morrer.

E viva esse encontro.
Essa força e luz
Viva a fé no futuro.
Viva pai Tupã.
Viva os caboclos velhos
Viva os pretos velhos.
Viva as almas
Viva Deus!